“É imperativo evitar uma escalada regional no Médio Oriente, é absolutamente necessário evitar que o Líbano seja arrastado para um conflito regional”, afirmou Borrell em Beirute, citado pela agência francesa AFP.
O alerta foi feito num contexto de confrontos no sul do Líbano entre o Hezbollah libanês, aliado do Hamas palestiniano em Gaza, e o exército israelita.
“Estou também a enviar esta mensagem a Israel: ninguém sairá vencedor de um conflito regional”, disse Borrell, durante uma conferência de imprensa com o homólogo libanês, Abdallah Bou Habib.
Borrell está no Líbano num momento de tensão entre o Hezbollah e Israel, depois de um atentado bombista atribuído ao Estado judeu ter matado o número dois do Hamas, Saleh al Arouri, nos arredores de Beirute, na terça-feira.
O Hezbollah disse em comunicado que lançou hoje de manhã “62 mísseis de diferentes tipos” contra uma base militar israelita “como parte da resposta inicial ao assassinato do grande líder Saleh al-Arouri”.
A guerra entre Israel e o Hamas começou depois de o grupo extremista ter matado cerca de 1.200 pessoas e feito duas centenas de reféns em solo israelita em 07 de outubro, segundo as autoridades.
Em retaliação, Israel prometeu destruir o Hamas e, desde então, não para de bombardear a Faixa de Gaza, um pequeno território densamente povoado, sobre o qual lançou uma ofensiva terrestre em 27 de outubro.
As operações militares israelitas causaram mais de 22.700 mortos em Gaza, segundo números atualizados hoje pelas estruturas de saúde do Hamas.
O Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança apelou a Israel para que utilize formas de eliminar o Hamas que não impliquem a morte de “tantas pessoas inocentes”.
“Até a guerra tem regras e existem normas humanitárias internacionais que têm de ser respeitadas. Como já disse várias vezes, um horror não justifica outro”, declarou, citado pela agência espanhola EFE.
“Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, mas deve haver outra forma de erradicar o Hamas que não implique a morte de tantos inocentes”, afirmou.
À semelhança de Israel, a UE e também os Estados Unidos consideram o Hamas como uma organização terrorista.
Borrell insistiu na importância do diálogo e defendeu que os canais diplomáticos devem permanecer abertos.
“Para enviar um sinal de que a guerra não é a única opção, é a pior opção”, acrescentou.
Borrell reuniu-se hoje com o chefe da missão de paz da ONU no Líbano (UNIFIL), o general espanhol Aroldo Lázaro, com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros.
O chefe da diplomacia europeia é esperado na Arábia Saudita no domingo.
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