A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, afirmou, esta terça-feira, que “é preciso enfrentar o desespero e a desilusão” de que a Direita “se alimenta e começar a resolver as necessidades essenciais”.
“Para afastar a Direita do poder, não basta colocá-la em minorias”, começou por afirmar. “É preciso enfrentar o desespero e a desilusão de que ela se alimente e começar a resolver as necessidades essenciais (…), mas o programa do Governo deve resultar de um entendimento comum e forte, à Esquerda”, frisou, em entrevista ao Esquerda.net, quando questionada sobre um possível acordo com o Partido Socialista (PS).
Por sua vez, no que diz respeito à Habitação, um bloquista defende que “os patrões seguiram o mau exemplo dado pelo Governo, que aumentaram as alterações do Estado muito abaixo da inflação”.
“Resultado: os estudantes não oferecem alojamento, há adultos de 30, 40 anos obrigados a partilhar casa, casais divorciados a viverem juntos, idosos expulsos dos seus bairros, médicos e professores deslocados que não dão vir para as cidades onde fazem falta”, respondeu, de seguida.
Sobre o tema da Educação, a líder do Bloco de Esquerda lembrou que o PSD prometeu “devolver o tempo de serviço”, alertando, no entanto, que “não seria a primeira vez que roía a corda”.
“É também estranha a promessa de Pedro Nuno Santos: em 2028 a entrega ainda não estaria concluída… E há o caso do ministro João Costa: já com o Governo demitido, veio a sério que existe dinheiro para normas o tempo de serviço dos professores!” , realçou.
E continuou: “Ao fim de oito anos no ministério e passadas apenas duas semanas de o PS ter chumbado a mesma proposta do Bloco… A falta de vergonha alimenta a repugnância pela política. A esquerda não é isto”.
Quanto à queda do Governo, a bloquista acusou-o de se ter colocado num “abismo” nos casos dos negócios do lítio e do hidrogénio verde e da construção de um megacentro de dados em Sines, que “corrói as bases da democracia”.
Na ótica de Mariana Mortágua “esse abismo resulta da promiscuidade entre política e negócios”. “Mesmo quando não é crime, esta promiscuidade facilita opções erradas nos planos económicos, sociais e ambientais – e corrói as bases da democracia”, acrescentou ainda.
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