“Três meses após os ataques atrozes de 7 de outubro, Gaza tornou-se um lugar de morte e desespero” e os seus habitantes “enfrentam ameaças diárias diante dos olhos do mundo”, sublinhou Martin Griffiths, citado em comunicado.
A guerra em Gaza eclodiu em 07 de outubro, após um ataque maciço do Hamas que incluiu o lançamento de foguetes e a infiltração simultânea de cerca de 3.000 milicianos em Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e raptando outras 250 em cidades próximas de Gaza.
Apesar das críticas internacionais, o exército israelita mantém uma forte ofensiva militar contra o grupo islamita no enclave palestiniano, de que resultaram mais de 22 mil mortos e 57 mil feridos, incluindo milhares de crianças, e mais de 7 mil desaparecidos sob os escombros dos bombardeamentos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
A retaliação israelita desencadeou uma crise humanitária grave devido ao colapso de hospitais, falta de medicamentos, alimentos, água e eletricidade, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano controladas pelo Hamas.
Para Martin Griffiths, “é altura de as partes cumprirem todas as suas obrigações ao abrigo do direito internacional — incluindo proteger os civis e satisfazer as suas necessidades básicas — e libertar imediatamente todos os reféns”.
“Continuamos a exigir o fim imediato do conflito, não só para o povo de Gaza e os seus vizinhos ameaçados, mas para as gerações vindouras que nunca esquecerão os 90 dias de inferno e os ataques aos princípios mais fundamentais da humanidade”, acrescentou.
O Exército israelita continua as operações na Faixa de Gaza e anunciou hoje a eliminação de terroristas no centro do enclave, e a destruição dos locais de lançamento de foguetes em direção a Israel, no sul, em Khan Younes, o epicentro dos combates.
Apesar da ausência de perspetivas de cessação das hostilidades, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, revelou esta quinta-feira ideias para o pós-guerra, na véspera do início de uma digressão regional do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken.
O plano apresentado pelo ministro ainda deve receber a aprovação de um governo israelita dividido mas prevê a continuação das operações em Gaza até “o regresso dos reféns”, o “desmantelamento das capacidades militares e de governação do Hamas” e a “eliminação das ameaças militares”.
Gallant defende uma solução sem o Hamas, mas também sem uma presença civil israelita, numa rejeição aos apelos de dois ministros de extrema-direita ao regresso dos colonos judeus e à emigração dos palestinianos, comentários condenados em particular pelos EUA e pela União Europeia.
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